
10 FAQ no Dia Internacional do Voluntário
Hoje, dia 5 de dezembro, é o Dia Internacional do Voluntário.
Como forma de marcar a data, entrevistei 4 membros da Forall Family que em artigos anteriores me deram feedback enquanto voluntários que são em projetos de cariz social. Fiz-lhes aquelas “frequently asked questions”. Curiosos com as respostas?
Os voluntários:
Rui Loureiro, 19 anos, community shaper na equipa Norte X.
Frequenta a Licenciatura em Economia na Escola de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
É através do grupo “Rebeldes Por Uma Causa” (projeto de voluntariado jovem do CLDS 3G “Albergaria IntegraT”) que participa em vários projetos de voluntariado, como o apoio a pessoas em situação de sem-abrigo em Lisboa, o apoio às vítimas dos incêndios de 2017 em Figueiró dos Vinhos ou o apoio a instituições de Albergaria-a-Velha.
Catarina Caetano, 22 anos, community shaper na equipa Porto Omega.
Frequenta o Mestrado em Direito dos Contratos e da Empresa na Escola de Direito da Universidade do Minho.
Fez voluntariado regular através de um projeto desenvolvido pela AEFDUP, no qual, durante 2 anos, passou uma tarde por semana no Centro de Dia de Cedofeita a desenvolver atividades com os idosos. Já tocou com uma banda em muitos eventos de angariação de fundos de âmbito social e foi voluntária em jantares comunitários da “Serve the City”.
Pedro Cruz Silvestre, 21 anos, atualmente Growth Project Manager.
Frequenta o Mestrado em Gestão da Produção do curso de Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Neste momento a realizar um programa de mobilidade, vive e estuda em Buenos Aires, Argentina. Viu esta experiência como uma oportunidade de ajudar no desenvolvimento do país e tornou-se voluntário em projetos de educação e ensino junto de crianças com condições familiares disfuncionais e em projetos de construção de casas e escolas.
Mariana Martins Pacheco, 19 anos, community shaper na equipa Porto Omega.
Frequenta a Licenciatura em Gestão na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
É voluntária semanal no Lar Nossa Senhora da Misericórdia com idosos, é voluntária na organização Make-a-Wish que realiza desejos a crianças doentes e é voluntária no ContuMilSonhos, um projeto com crianças de um bairro social.
10 FAQ – Frequently Asked Questions que qualquer voluntário já ouviu:
1. Quando é que começaste a ser voluntário?
Arrisco-me a afirmar que a maioria das pessoas que fazem voluntariado de cariz social regularmente, tiveram a primeira experiência como voluntários quando eram ainda bem novinhos, em angariações de fundos ou organizações de eventos (hum, agora que pensas tu também já foste um desses voluntários, não é?).
A ideia de “só o curso não basta” já está bem enraizada e, como tal, quando ingressamos no ensino superior são inúmeras as oportunidades que nos aparecem para sermos voluntários na comunidade.
«A vontade de fazer voluntariado surgiu desde que andava no secundário, contudo devido à falta de conhecimento de atividades que haviam no meu concelho apenas comecei a fazer voluntariado quando entrei na universidade. Através de um projeto da AEFEP — “FEP to Help” — comecei a fazer voluntariado no Lar de Nossa Senhora da Misericórdia.» – Mariana
«A experiência mais marcante foi na faculdade onde participei na Missão País. Ao longo de uma semana em Meda, visitei idosos que vivem sozinhos, crianças carenciadas e fiz parte do grupo que ensaiou um teatro como “presente” para toda a cidade. Foi uma alegria ao fim de uma semana ter amigos dos 1 aos 103 anos. Inesquecível mesmo, voltava hoje.» – Pedro
2. Para ti, o que é ser voluntário?
«É sermos capazes de ser mudança, de ser alguém com o poder e com a vontade de tornar o dia do outro mais leve, mais feliz. Por vezes passa por sermos capazes de sair da nossa zona de conforto, de atentarmos às diferentes realidades que nos rodeiam e de querer marcar a diferença nas mesmas.» – Catarina
3. É fácil arranjar tempo para fazer voluntariado?
«Sim, é fácil! Existem várias maneiras de fazer voluntariado, nem todos têm que ser diariamente ou semanalmente. Por isso, mesmo uma pessoa muito ocupada consegue dar um bocadinho de si a qualquer projeto de voluntariado.» – Mariana
Para a Catarina, «o essencial é haver vontade de» e o Pedro diz-nos, e bem, que «todos temos as mesmas 24h diárias», se tantos voluntários conseguem arranjar tempo, todos conseguimos. É apenas uma questão de definir prioridades e «conseguir-se fazer uma boa gestão do tempo livre», como o Rui refere.
4. Achas que o trabalho que desenvolves enquanto voluntário é útil?
«Não tenho a mínima dúvida de que por mais pequeno que possa ter sido o meu impacto na vida das pessoas, contribui para algo. Por vezes não temos noção do impacto que podemos ter na vida de alguém, e só o facto de darmos a entender que alguém se importa, que alguém está lá, é o suficiente para mudar uma vida.» – Catarina
5. Sentes que o voluntariado te acrescenta?
«Para além das soft skills básicas como sentido de ética, responsabilidade, capacidade de comunicação, organização, entre outras» (Mariana), «o voluntariado acaba por ser não só uma mais valia para aqueles que dele usufruem, como também para os próprios voluntários, na medida em que se aprende e se cresce muito com esse tipo de experiência» (Catarina).
6. A tua experiência de voluntário já te influenciou em decisões que tiveste de tomar?
«Sim. Tornei-me um membro ainda mais ativo na sociedade e, quando dei por mim, estava metido em ainda mais projetos com efeitos na melhoria da qualidade de vida e bem-estar daqueles que me rodeiam.» – Rui
«Mudei a minha opinião acerca de muitas coisas à custa de vivências que experienciei, vivências essas que acabam por fazer com que por vezes eu seja capaz de olhar para as coisas com outros olhos.» – Catarina
7. O trabalho voluntário que já desenvolveste tem impacto nos teus objetivos profissionais?
«Quase 2 anos e meio depois de ter começado a fazer voluntariado social regularmente, tenho a certeza que o meu emprego futuro terá de ser numa organização que se preocupe em melhorar as condições de vida de cada pessoa e, a cada decisão que tenha de tomar, o voluntariado pesará e, o que estiver ao meu alcance, eu farei de forma a melhorar a vida de todos os que são afetados direta ou indiretamente por mim ou pelas minhas ações.» – Rui
Também a Mariana, a Catarina e o Pedro concordam com o Rui: a empresa, organização ou projeto no qual venham a trabalhar terá de ter sempre como um dos seus princípios a responsabilidade social e ambiental e o objetivo de prosseguir o bem-estar humanitário e o progresso das sociedades.
8. O que dirias a quem não vê o voluntariado com bons olhos?
«Se ainda não experimentaram, digo para experimentarem. Se experimentaram e não gostaram, digo para tentarem outra organização. Se já tentaram duas, digo para saírem de casa e irem a um lar, sozinhos, passar um dia ou a um centro de acolhimento conhecer as crianças que lá vivem.
O voluntariado é e deve ser gratuito, vem de cada um. Não está cunhado numa moeda ou em qualquer representação material. Está, sim, cunhado nos nossos corações.» – Pedro
«Só quem já experimentou fazer voluntariado sabe a verdadeira recompensa que se tira do voluntariado.» – Rui
«É certo que se fizermos tudo de forma gratuita as pessoas/organizações aproveitam-se e dispensam certos empregados. Contudo, há certas causas em que o dinheiro é tão necessário para coisas indispensáveis, como comida, que depois o dinheiro não iria chegar para pagar aos colaboradores e essas causas deixariam de existir. Para além disso, as pessoas não podem fazer as coisas sempre em troca de recompensas monetárias, porque o voluntariado pode não dar dinheiro, mas dá coisas ainda mais importantes!» – Mariana
«De todas as vezes que fui voluntária, não há um dia em que não tenha chegado a casa de coração cheio, e não há sensação melhor no mundo do que essa.» – Catarina
9. Quero fazer voluntariado, mas não sei como começar… O que devo fazer?
1º «Pensem no que mais vos move, na causa que mais vos inquieta – Animais? Crianças? Idosos? Doentes? Desigualdade social? Meio ambiente? O que é?» – Pedro
2º «Informem-se sobre as organizações que vos possam interessar ou com as quais possam ter uma maior ligação.» – Catarina
3º «Façam uma breve pesquisa na internet sobre os vários tipos de voluntariado e facilmente descobrem como e onde fazer.» – Mariana
«Existem diversas organizações que promovem atividades de voluntariado. Muitas delas já estão organizadas e prontas a acolher novos membros! Também existem grupos de voluntariado ligados aos Municípios ou às instituições de ensino superior e, em último caso, podem contactar diretamente as instituições da vossa zona!» – Rui
10. Há alguma situação que tenhas vivido enquanto voluntário que te tenha marcado mais?
«Há já alguns anos, tive a oportunidade de cantar numa Festa de Natal organizada por uma associação que acolhe crianças e jovens em risco ou com deficiências. Após a animação, pude passar algum tempo com as crianças e jovens de lá. Do nada, veio ter comigo uma menina que não devia ter mais do que 10 anos, abraçou-me, sorriu para mim e ficou de mão dada comigo até que me fosse embora. Não me disse nada, mas também não precisou, os gestos falaram por si. É até hoje, dos momentos mais bonitos e genuínos que tive a sorte de viver.» – Catarina
«Uma vez que fui a Lisboa para fazer voluntariado com a ACA – Associação Conversa Amiga junto de pessoas em situação de sem-abrigo, tive a experiência que mais me marcou e que mais emocionado me deixou. O objetivo era distribuir copos de chá e conversar um bocadinho. Tanto se viam casais como pessoas sozinhas, novos e velhos, homens e mulheres, brancos e negros. Falou-se de futebol, aliás era noite de jogo, de política e de turismo. Fiquei surpreendido com a quantidade de pessoas que se chegavam ao pé de nós e diziam “São da Conversa Amiga? Gostava de falar um pouco.”» – Rui
Hoje também é o teu dia? Partilha connosco a tua experiência! :)
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Rafaela de Melo
P.S.1: Um grande obrigada a estes 4 voluntários que se disponibilizaram através de uma longa entrevista. Desculpo-me pela impossibilidade de as publicar na íntegra. Parabéns pelo trabalho que têm desenvolvido, o mundo é melhor convosco!
P.S.2: Um especial obrigada também à minha amiga Bárbara Tavares que, voluntariamente, editou as fotografias.
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